Wednesday 4 November 2009

O Ego como uma agência de fortalecimento



As percepções internas sobre o ‘eu’ deveriam contar mais do que as percepções externas, aquelas que provém de terceiros, mas como as pessoas em geral tem um ego muito fraco e pouco definido - ouso dizer que a maioria, daí o nome massa, ou como alguns dizem em desdem: ‘a massa ignara’ – a indentidade acaba sendo algo mais imposto do que sentido. Porque o ‘ego’, ou melhor dizendo, o ‘eu’ é em geral apenas esquemático, a grande maioria de nós está sujeita a cair presa de todo tipo de armadilhas mentais, manipulações de terceiros, condicionamentos subliminares, entre outras coisas. Na verdade, não sabemos o que é isto, o ‘eu’, vivemos uma ilusão do ‘eu’, parecemos indivíduos, vivemos em uma sociedade individualista, ego-cêntrica, mas o centro na verdade está neste ‘eu’ ilusório, este ‘eu’ que criaram para nós. Daí o porque as pessoa se deixam enredar pelos papéis. Os papéis sociais se sobrepoem ao que seria a essência pessoal. A individuação no mundo conteporâneo ainda é uma ilusão, ou melhor dizendo, uma grande delusão.

Mudando o foco e voltando para os tais processos interiores, as percepções internas deveriam contar mais do que as externas, e não importa qual a mais acurada –mesmo com o risco de se estar vivendo uma alucinação – porque ao fim, quando todos se afastam, são só os seus próprios pensamentos e sentimentos que ficam, e é só com eles que você é obrigado a conviver sem escolha.

Segundo vários filósofos e psicanalistas, psicólogos e afins, o ‘eu’ é definido pelo outro, pela presença do outro, o não-eu. Mas talvez o verdadeiro ‘eu’, aquele ‘eu’ que alguns chamam de self, ou ‘eu’ total, ou qualquer outro nome que escolas de psicologia e místicos queiram dar, apenas possa ser encontrado no isolamento. Quando o mundo lá fora silencia, você pode finalmente ouvir com clareza as vozes da sua multidão interior. Qualquer tentativa de unificação e integração deveria ser conduzida em um estado de isolamento, e quando o isolamento físico não é possível, imagino um estado de isolamento mental, um período de retiro do mundo, mesmo quando se está nele (o que entendo ser um equilíbrio extremamente delicado), possa colocar a pessoa em contato com si mesmo, algo além do ‘eu’ mundano.

Desta forma, quando as conexões externas são estabelecidas –mas saiba que elas nunca mais serão as mesmas, porque você nunca mais será o mesmo - você deve estar forte o suficiente para que nada ou ninguem possa ser capaz de te retira do seu centro, de te manipular, te fornecer uma realidade pre-manufaturada. É a isto que eu chamo fortalecimento do ‘ego’, fortalecimento do ‘ego’ não é um processo de ego-centrismo ou ego-ismo, mas de ser capaz de se sustentar mentalmente sem cair presa da ‘ordem natural do pasto’.

A questão maior é, você seria capaz de ficar forte o suficiente para não cair presa do próprio ego? Fortalecer o ego para depois vê-lo/se morrer no processo de transcendência é um desafio ainda maior.

1 comment:

  1. "Fortalecer o ego para depois vê-lo/se morrer no processo de transcendência é um desafio ainda maior."

    os sadhus se isolam.
    eu particulamente acho muito dificil manter um equilibrio entre ego e transcedencia em nossas vidas cotidianas. mas sem duvida, este post diz muito.

    a formação da consciência é a unica coisa valida nessa confusão que é a vida, e a sua colocação a respeito dos sentimentos como "a sua real posse" em relação a sua propria consciência é bem produtiva!

    bjs.
    ps: paulo coelho, por incrivel que pareça, falou um coisa legal:
    "O poder da vontade não transforma o homem. O tempo não transforma o homem. O amor transforma."

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