Thursday 20 August 2009

Furos no tecido




A verdade é que eu tenho mais perguntas do que respostas para oferecer. Na verdade eu só tenho perguntas, e quase sempre extremamente pessoais, mas como somos todos mais ou menos parecidos, acho que eu devo compartilhar das mesmas questões que determinadas pessoas. Uma, por exemplo, é : O que acontece nos vácuos da memória? Quando eu tento reconstituir certas cenas ou pensamentos eu sempre me deparo com partes obscuras das quais eu tenho apenas uma vaga sensação de acontecimento. Talvez seja apenas herança de familia. Por parte de pai eu descendo de pessoas muito distraídas. Faz parte dos meus trabalhos hercúleos mudar isso, ter uma memória mais confiável, mas não no sentido de solidificar lembranças no tempo, mas sim poder recorrer a certos conhecimentos já apreendidos, poder acessar certas lembranças sem passar horas com aquela sensação de estar fazendo um donwload de um arquivo gigantesco numa conexão discada.

Claro que a memória é algo dinâmico. Mesmo quando lembramos algo vividamente, pode ter certeza de que não é algo concreto, como uma foto, congelada no tempo desde do momento do acontecimento, onde sua percepção atua para captar aquilo. Até o momento em que você relembra, varias coisinhas já se alteraram. Então claro que eu não quero uma memória-gravador, passiva e sem nenhum colorido subjetivo. O que eu quero é eliminar ao máximo os bloqueios, os momentos que se obscurecem e ficam foram do meu alcance consciente, aquela lembrança que é apenas uma coceira, mas que eu não consigo descobrir a causa.

Só que a coisa pode ainda ser mais assutadora do que uma simples falha nas conexões neuronais. As vezes a memória falha não por ser fraca, mas porque aquilo que você experienciou está além da percepção cotidiana. Principalmente se for algo que não possa ser colocado em palavras.

No comments:

Post a Comment