Friday 3 July 2009

Eu, A Bruxa?


“Elas qeriam que eu mudasse a maneira na qual eu me concentrava em assuntos cotidianos como cozinhar, limpar, lavar roupas, ir para a faculdade ou ganhar a vida.

Isso deveria ser feito, elas me disseram, sob auspícios diferentes: essas atividades não deveriam ser tarefas mundanas, mas esforços engenhosos, um tão importante quanto o outro.”


“-Eu sei o que você espera de feiticeiros. Você quer rituais, encantamentos. O estranho, cultos misteriosos. Você quer cantar. Você quer ser uma com a natureza. Você quer comungar com os espíritos das águas. Você quer paganismo. Alguma visão romântica do que os feiticeiros fazem. Bem germânico. Para pular no desconhecido, - ela continuou – você precisa ter estômago e mente. Somente com eles você poderá ser capaz de explicar para você mesma e para os outros os tesouros que voce deverá encontrar.”


Being in Dreaming
By Florinda Donner



Esperamos que o mágico oculto no universo nos seja revelado através dos mais elaborados e bizarros rituais: séries de atos e palavras que devem ser aprendidos e repetidos em certa ordem desencadeariam certos eventos ou moveriam certos portais que, então, nos permitiriam controlar forças ocultas ou obter poderes supranormais que, no fim das contas, acabariam servindo apenas para entreter nossos egos e realizar desejos infantis.

Na verdade, não é esse tipo de bruxaria ao qual estou me referindo aqui. Se você espera receita de feitiços usando maçãs, velas, etc e tal, não irá encontrar nada parecido. Na verdade, o que pratico, ou pelo menos tento, é entrar em contato com certas forças – de fato, percebê-las conscientemente, pois elas já estão em contato conosco – que levariam ao caminho do auto-conhecimento ou, ainda melhor, auto-realização.

Eu não faço parte de nenhuma linhagem de bruxos ou sigo qualquer espécie de tradição ou sistema mágico estabelecido para obter conhecimento ou realizar magia. Na verdade, eu não faço nada de parecido com bruxaria de acordo com que o senso comum está acostumado a denominar como tal. Isto não quer dizer que certos sistemas, escolas ou tradições não me influenciem ou inspirem de alguma forma. O que quero deixar claro é que eu não tenho qualquer tipo de compromisso ou afiliação com os mesmos. Essa falta de compromisso me permite absorver e digerir aquilo com que entro em contato e utilizar o que aprendo de acordo com meus instintos. Reconheço que essa forma de aproximação pode ser pouco prática, podendo até ser perigosa ou apenas infrutífera – o que é na maioria das vezes, especialmente quando não se tem uma egrégora potencializando seus esforços. Porém isso também me poupa de ligações indesejáveis, muitas das quais eu nem iria notar, mas elas estariam lá, no meu campo de energia - muitas estão, mesmo assim. Não sou tão inocente a ponto de achar que estou livre delas.

Escolhi chamar essas práticas ecléticas de bruxaria simplesmente porque, como mulher, me sinto confortável com esse título, inclusive abarcando o significado prejorativo que isso pode ter. Por tanto, me considero uma bruxa.

Não tenho datas especiais, dias específicos, locais ou instrumentos mágicos – não que eu não possa eventualmente vir a fazer uso disso, mas minha prática se dá no dia a dia, e o melhor instrumento é meu corpo-mente. Imaginação, criatividade e atenção são minhas metas a serem desenvolvidas sob o meu controle, pois no momento eu as tenho de forma absolutamente caótica, não o caos que possue uma ordem oculta e complexa, mas meu caos interior que é, na verdade, a simples e vulgar bagunça. Dessa forma, dando dois passos pra frente e um para trás, tem se dado minha lenta e cansativa progressão. Não que eu esteja feliz e satisfeita com isso, mas é tudo o que obtive até o momento.

Se eu vou chegar a algum lugar ou obter algo? Falando sério, essa jornada não é exatamente sobre chegar a lugar nenhum ou se obter nada visível. Essa jornada é sobre dar um passo além da minha humanidade, através dela.

1 comment:

  1. tuas palavras me enfeitiçaram! sim! vc é uma bruxa! ;P

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